"... É de sonho e de pó..."

" É de sonho e de pó, o destino de um só... É de laço e de nó..." (Romaria - Elis Regina)

Ainda que as setas indicassem direções contrárias, o tempo dizia que a vida precisava ser construída sob um céu estrelar e chão de pedras irregulares para abrigar pés pequenos e crescer, crescer com vento batendo no rosto e o cheiro doce de pipoca ao fim de um entardecer colorido.

Era fácil entender que ela não precisava de nada assim tão grande quando seu mundo já parecia gigante do alto dos seus tão poucos anos e dos insignificantes centímetros que quase poderiam ser medidos em palmos: A vida nunca precisara de muito pra ser tudo.

E foi ali que brincando ela cresceu, sem saber que encontraria no caminho mais e mais motivos para permanecer, e ainda quando escolheu ir conhecer o que sempre foi grande, ela, a correr em saltos, sempre retornava, sabendo que ainda que o vento batesse mais forte, tudo estaria bem ali, tudo que construiu e aprendeu a amar. E era seguro como nenhum outro lugar no mundo...

Mas o velho se anunciou novo e brincou feito criança a rodar o mundo, a girar o compasso impulsionando-os a cumprir destinos e para lados contrários virou-se o que quase sempre esteve num eixo só. E bem ali, sem querer soltar as mãos eles se foram, assim como ela, foram para onde tudo é maior, onde as estrelas não brilham tão forte, e onde ruas não ensinam a correr... Foram porque buscam lugares maiores, outras possibilidades pra gente, que apesar de "grande", ainda é tão pequena...

Mas hão de voltar vez ou outra, pro lugar onde sonhos nasceram livres, voltarão com um novo impulso, com brilho nos olhos de quem já viveu e construiu o maior de todos os sonhos: De apenas ser, e de serem, todos juntos, um só...